Acredita-se que as aves modernas surgiram após a extinção dos dinossauros, mas os dois foram contemporâneos.
As aves são uns dos três grupos de vertebrados que evoluíram a ponto de bater as asas, de forma ativa, para o vôo. Os outros dois são os malfadados pterossauros e os morcegos, estes apareceram muito mais tarde e compartilham o céu com as aves até hoje. Os paleontólogos discutiram a origem das primeiras aves durante muitos anos. Uma parte argumentava que elas evoluíram a partir de pequenos dinossauros carnívoros pertencentes ao grupo dos terópodes, a outra defendia que evoluíram de répteis primitivos. Porém, descobertas de duas décadas passadas sobre dinossauros semelhantes a pássaros, inclusive muitos com penugem, convenceram a maioria dos cientistas de que os pássaros evoluíram dos dinossauros terópodes.
No entanto, preencher a lacuna entre os ancestrais aviários e as aves modernas provou- se ser muito mais capcioso. Vamos tomar o Archaeopteryx, a criatura de 145 milhões de anos da Alemanha, a mais antiga ave conhecida. O Archaeopteryx preserva a mais antiga evidência definitiva de asas com penas assimétricas capazes de gerar a sustentação necessária para o voo – a característica que defi ne o grupo. Entretanto, ele se assemelha mais aos dinossauros de porte pequeno, como o Velociraptor, o Deinonychus, o Anchiornis e o Troodon, que com as aves modernas. Como esses dinossauros, as aves primitivas, como o Archaeopteryx e o Jeholornis, descoberto mais recentemente na China, e o Rahonavis de Madagascar exibiam longas caudas ósseas, e algumas tinham dentes afi ados, dentre outras características primitivas. As neornithes, em contraste, não exibem essas características e apresentam um conjunto de traços avançados. Esses recursos incluem os ossos do dedo do pé totalmente fundidos e asas sem dedos, que reduzem o peso do esqueleto, permitindo voos mais eficientes; e pulsos e asas altamente flexíveis, que melhoram a maneabilidade no ar. Porém, foi impossível determinar como e quando as neornithes adquiriram essas características, por causa da ausência de fósseis que documentem essa transição.
Isso não quer dizer que o registro fóssil não tivesse nenhum remanescente aviário intermediário, em termos de idade, entre as aves primitivas e as neornithes pós-extinção. Claramente já no início do Cretáceo, há mais de 100 milhões de anos, as aves que representavam uma ampla gama de adaptações de voo e especializações ecológicas acabaram por evoluir. Algumas voaram com asas amplas e largas, enquanto outras tiveram asas longas e fi nas. Algumas viviam em florestas se alimentando de insetos e frutas, outras construíram seus lares às margens de lagos ou de água e subsistiram comendo peixes. Essa incrível diversidade persistiu até os últimos estágios do Cretáceo, há 65 milhões de anos. Na verdade, juntamente com os meus colegas holandeses do Museu de História Natural de Maastricht, descrevi restos de aves com dentes, encontrados logo abaixo do horizonte geológico que marca o evento de extinção do final do Cretáceo. Mas todas as aves do Cretáceo que estão completas o suficiente para ser classificadas pertenciam a linhagens mais antigas que as neornithes, e essas linhagens não sobreviveram à catástrofe. É por isso que, até recentemente, as evidências disponíveis sugeriam que a explicação mais simples para o aparecimento das aves modernas era que elas se originaram e se espalharam após o evento da extinção.
No entanto, preencher a lacuna entre os ancestrais aviários e as aves modernas provou- se ser muito mais capcioso. Vamos tomar o Archaeopteryx, a criatura de 145 milhões de anos da Alemanha, a mais antiga ave conhecida. O Archaeopteryx preserva a mais antiga evidência definitiva de asas com penas assimétricas capazes de gerar a sustentação necessária para o voo – a característica que defi ne o grupo. Entretanto, ele se assemelha mais aos dinossauros de porte pequeno, como o Velociraptor, o Deinonychus, o Anchiornis e o Troodon, que com as aves modernas. Como esses dinossauros, as aves primitivas, como o Archaeopteryx e o Jeholornis, descoberto mais recentemente na China, e o Rahonavis de Madagascar exibiam longas caudas ósseas, e algumas tinham dentes afi ados, dentre outras características primitivas. As neornithes, em contraste, não exibem essas características e apresentam um conjunto de traços avançados. Esses recursos incluem os ossos do dedo do pé totalmente fundidos e asas sem dedos, que reduzem o peso do esqueleto, permitindo voos mais eficientes; e pulsos e asas altamente flexíveis, que melhoram a maneabilidade no ar. Porém, foi impossível determinar como e quando as neornithes adquiriram essas características, por causa da ausência de fósseis que documentem essa transição.
Isso não quer dizer que o registro fóssil não tivesse nenhum remanescente aviário intermediário, em termos de idade, entre as aves primitivas e as neornithes pós-extinção. Claramente já no início do Cretáceo, há mais de 100 milhões de anos, as aves que representavam uma ampla gama de adaptações de voo e especializações ecológicas acabaram por evoluir. Algumas voaram com asas amplas e largas, enquanto outras tiveram asas longas e fi nas. Algumas viviam em florestas se alimentando de insetos e frutas, outras construíram seus lares às margens de lagos ou de água e subsistiram comendo peixes. Essa incrível diversidade persistiu até os últimos estágios do Cretáceo, há 65 milhões de anos. Na verdade, juntamente com os meus colegas holandeses do Museu de História Natural de Maastricht, descrevi restos de aves com dentes, encontrados logo abaixo do horizonte geológico que marca o evento de extinção do final do Cretáceo. Mas todas as aves do Cretáceo que estão completas o suficiente para ser classificadas pertenciam a linhagens mais antigas que as neornithes, e essas linhagens não sobreviveram à catástrofe. É por isso que, até recentemente, as evidências disponíveis sugeriam que a explicação mais simples para o aparecimento das aves modernas era que elas se originaram e se espalharam após o evento da extinção.
A descoberta da raiz das aves modernas no Cretáceo alinhou perfeitamente os registros fósseis com as datas divergentes baseadas no DNA. No entanto, ela levantou uma nova questão incômoda, ou seja, por que os pássaros modernos conseguiram sobreviver ao impacto de asteroides e às mudanças ecológicas consequentes, quando seus primos voadores aviários mais primitivos e seus companheiros, os pterossauros, não sobreviveram? Em minha opinião, isto constitui o único mistério relevante remanescente sobre a evolução das aves. A resposta ainda está muito longe de ser elucidada, e, neste momento, venho dedicando grande parte da minha pesquisa à tentativa de descobri-la.
Com apenas uma dupla de neornithes confirmada no Cretáceo, não há muito em termos de pistas fósseis para seguir adiante. No entanto, novas suposições estão sendo feitas em estudos de aves vivas. Usando inúmeras informações de medições de aves vivas, os meus colegas do Reino Unido e eu demonstramos, por exemplo, que as proporções de osso de asa de pássaros primitivos modernos, inclusive o Teviornis e o Vegavis, não são diferentes dos extintos enantiornites. Comparando as proporções do osso da asa fóssil com as das aves de hoje podemos inferir alguns aspectos sobre o formato da asa e, em consequência, obtermos informações sobre as capacidades aerodinâmicas das aves dos fósseis. Mas só podemos concluir que as formas das asas dos dois grupos de aves fósseis não diferem entre si, em outras palavras, não achamos que as primitivas neornithes fossem melhores quanto ao voo do que os enantiornithes (embora os dois grupos provavelmente tivessem desempenho melhor no ar que os animais semelhantes aos terópodes, como o Archaeopteryx).
Artigo Completo: Scientific American Brasil
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