domingo, 2 de março de 2014

Aves do Brasil: A visão dos Ornitólogos

Há cerca de 240 milhões de anos, no início do período Triássico, surgiram os primeiros dinossauros, um grupo que viria a dominar o planeta pelos próximos 175 milhões de anos até sua extinção, há 65 milhões de anos, após o impacto de asteroides gigantes contra o planeta.


Pelo menos essa é a história que a maioria conhece. O que alguns não sabem é que um grupo de dinossauros carnívoros, bípedes e ágeis aparentado do famoso Velociraptor deu origem a animais que estão entre nós até hoje. Toda vez que vir um pombo na rua, um frango em seu prato ou qualquer outra ave, você pode dizer que está diante de um descendente dos dinossauros. As aves são o único grupo de vertebrados naturalmente presentes em todos os continentes, tendo evoluído para ocupar praticamente todos os ecossistemas terrestres, das montanhas mais altas aos oceanos ─ onde pingüins podem procurar seu alimento a mais de 100 m de profundidade.

Seriema (Cariama cristata)
O levantamento mais recente www.worldbirdnames.orgcertifica a existência de 10.440 espécies de aves no mundo, o que exclui várias dezenas extintas desde 1600, após o início da expansão marítima europeia, e possivelmente outros milhares extintos por povos como os polinésios e ameríndios ao colonizarem ilhas no oceano Pacífico e no Caribe. É possível que apenas os polinésios tenham eliminado cerca de 2 mil espécies nos últimos dois milênios.

O Brasil abriga ─ segundo a última lista do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) ─1.833 espécies de aves. Esse total certamente aumentará já que novas espécies de aves continuam a ser descobertas com regularidade (mesmo no entorno de capitais como São Paulo e Curitiba) e análises moleculares, morfológicas e bioacústicas demonstram que algumas “espécies” na realidade podem ser subdivididas em unidades evolutivas distintas.

A tecnologia tem uma grande influência no bird-watching. A atividade se popularizou nos países anglo-saxões no século XX graças a avanços tecnológicos que resultaram em binóculos e transporte mais baratos. Observar aves implica comumente em registrar suas vozes tanto para identificá-las como para atraí-las ( play-back) e as tecnologias de gravação, tratamento e produção de sons, evoluindo de pesados gravadores de rolo com microfones parabólicos nos anos 1980 para gravadores digitais com microfones direcionais super sensíveis, players capazes de estocar bibliotecas sonoras inteiras e mini amplificadores de grande potência no século XXI.

O Desafio para a Conservação das Aves

O crescente número dos observadores-fotógrafos de aves exerce um papel muito importante para a conservação das aves brasileira. Esse é um publico qualificado que pode ser, por exemplo, um dos melhores amigos das nossas áreas protegidas, além de promover a conservação de áreas particulares. No entanto, ao mesmo tempo que a observação, interesse e o conhecimento em relação as aves vem crescendo, os impactos que ameaçam nossa rica avifauna também vem aumentando. Por volta de 10% de todas as espécies de aves globalmente ameaçadas estão no Brasil e muitas correm risco de extinção eminente.

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
De acordo com a lista da IUCN (International Union for the Conservation of Nature) o Brasil é o país com maior número de espécies de aves ameaçadas de extinção, com um total de 123 espécies que sofrem risco real de desaparecer da natureza num futuro não tão distante. Em relação à lista nacional de aves ameaçadas, um total de 160 táxons são considerados, no entanto a lista brasileira também considera as subespécies ameaçadas, o que em parte explica as diferenças em relação a lista global.

Harpia harpyja
Um dos maiores desafios enfrentados atualmente no Brasil para a conservação das aves e toda a biodiversidade do país é a conciliação de um desenvolvimento e crescimento sócio-econômico aliado a conservação ambiental. Ainda não se conhece o melhor caminho a ser seguido e nem as soluções para muitos dos conflitos, no entanto já existe uma clara preocupação da sociedade em geral com as questões ambientais. Em alguns casos essa preocupação se reflete em ações concretas como a criação de novas unidades de conservação públicas e privadas (RPPNs), mecanismos econômicos de valorização da floresta em pé e biodiversidade, licenças ambientais bastante restritas para implantação de novos empreendimentos, organizações não-governamentais (ONGs) comprometidas, atuantes e bem articuladas com o governo e uma massiva atenção da mídia ao assunto.

Reportagem completa:Scientific American Brasil

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