Pode parecer estranho, mas, no Pantanal, as araras-azuis aprenderam a tirar proveito da presença do gado em seu habitat, estabelecendo com bois e vacas uma inesperada parceria ecológica. É que o nelore (o gado branco de origem asiática que domina o rebanho pantaneiro), acabou tomando gosto pelos mesmos frutos apreciados pelas araras. Os da bocaiúva, uma palmeira alta, eles pegam dos cachos caídos no chão; já os do acurisão apanhados da própria árvore baixa. De ambos os coquinhos, porém, os animais aproveitam apenas a casca grossa e fibrosa, regurgitando ou defecando a dura e nutritiva castanha justamente a porção venerada pelas araras.
Isso explica por que, em alguns locais, bandos enormes de araras-azuis se concentram nos piquetes onde a boiada passa a noite, depois de um dia todo comendo nos pastos. Logo cedo, com temperatura ainda amena, as araras já estão empoleiradas em galhos secos ou mourões de cerca, esperando uma chance para poderem banquetear-se das castanhas no solo.
O problema é que o bando de araras nunca vai inteiro ao chão. Alguns indivíduos permanecem posicionados em locais de ampla visão e prontos para dar o alarme – uma vocalização curta e seca – a qualquer tipo de som ou movimento diferente detectado em um raio de 200 metros. Por causa da ação dessas sentinelas, a cena raramente é vista.
Para mais informações, sobre a reportagem, acesse o site, National Geographic Brasil
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