A Cuscuta pentagona não é uma planta normal; é uma trepadeira laranja que pode chegar a 1 m de altura, produz pequenas flores brancas de cinco pétalas e é encontrada em toda a América do Norte. É incomum pelo fato de não ter folhas nem ser verde, pela ausência de clorofila, pigmento que absorve energia solar permitindo a transformação da luz em açúcares e oxigênio pela fotossíntese. A planta é uma trepadeira parasita que obtém alimento dos vizinhos. Para viver ela fixa-se numa planta hospedeira e suga seus nutrientes, inserindo-lhe um apêndice no sistema vascular. O que é realmente fascinante são suas preferências culinárias: ela escolhe que vizinho atacar.
A semente da Cuscuta germina como qualquer outra — o novo broto cresce e a nova raiz se introduz no solo. Deixado só, no entanto, o broto morrerá sem um hospedeiro. Conforme cresce, gira sua extremidade em pequenos círculos, sondando o ambiente da forma como tateamos com as mãos, quando de olhos vendados, ou procuramos a luz da cozinha, no meio da noite. Embora inicialmente esses movimentos pareçam aleatórios, se a muda estiver próxima de outra planta (digamos um tomateiro), ela se estica e cresce na direção do que será sua fonte de alimento. A trepadeira se curva, cresce e gira até, finalmente, chegar à folha do tomate. Mas em vez de tocá-la, procura o caule. Em um movimento final de vitória, enrola-se em torno da haste e introduz microprojeções no floema (vasos que levam a seiva adocicada da planta), e começa a desviar açúcar para continuar crescendo e florescer.
COMUNICAÇÃO BIOQUÍMICA
Em 1983, duas equipes de cientistas publicaram resultados surpreendentes relacionados à comunicação entre plantas e revolucionaram o entendimento de tudo, desde o salgueiro até o feijão. Pesquisadores afirmaram que árvores “avisam” umas às outras de um ataque iminente de insetos devoradores de folhas. Notícias sobre o trabalho logo se espalharam para a cultura popular, com a ideia de “árvores falantes” encontrada não só na Science, como também em grandes jornais no mundo todo.
David Rhoades e Gordon Orians, cientistas da Washington University, observaram que lagartas tinham menor probabilidade de devastar as folhas de salgueiro se ele estivesse ao lado de outros exemplares já infestados com lagartas-de-tenda. As árvores que crescem saudáveis próximas a outras infestadas resistiram às lagartas porque, como Rhoades descobriu, suas folhas tinham produtos químicos fenólicos e tanino que as tornavam indesejáveis para os insetos. Como os cientistas não conseguiram detectar qualquer conexão física entre as árvores danificadas e as vizinhas saudáveis (não partilhavam raízes em comum, nem seus galhos se tocavam), Rhoades propôs que as árvores atacadas deveriam enviar mensagem feromonal no ambiente para as plantas saudáveis. Em outras palavras, as árvores infestadas advertem as árvores vizinhas saudáveis: “Cuidado! Defendam-se!”.
AS PLANTAS SENTEM CHEIRO?
Amorphophallus titanum |
Muitos aromas são utilizados na comunicação complexa entre plantas e animais. Os odores induzem diferentes polinizadores a visitar flores e espalhadores de sementes a consumir frutas e, como o autor Michael Pollan aponta, esses aromas podem levar pessoas a espalhar flores pelo mundo todo. Mas as plantas não apenas emitem odores; elas “cheiram” outras plantas.
É óbvio que as plantas não têm nervos olfativos que se conectam a um cérebro que interpreta os sinais. Mas a Cuscuta, as plantas de Heil e outros tipos de flora em todo o mundo natural reagem a feromônios como nós. As plantas detectam uma substância química volátil no ar e convertem esse sinal (sem usar nervos) em uma resposta fisiológica. Com certeza, isso pode ser considerado olfato.
É óbvio que as plantas não têm nervos olfativos que se conectam a um cérebro que interpreta os sinais. Mas a Cuscuta, as plantas de Heil e outros tipos de flora em todo o mundo natural reagem a feromônios como nós. As plantas detectam uma substância química volátil no ar e convertem esse sinal (sem usar nervos) em uma resposta fisiológica. Com certeza, isso pode ser considerado olfato.
Reportagem Completa: Scientific American Brasil
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