Há muito biólogos acreditam que abelhas e orquídeas são igualmente interdependentes. Os insetos polinizam orquídeas em troca do aromas das flores que os machos usam para atrair fêmeas. Acreditava-se que os dois organismos evoluíram juntamente, mas um estudo conduzido por Santiago Ramírez, biólogo evolucionista da University of California em Berkeley, publicado na Science no final de 2011, revelou que as abelhas surgiram antes, propondo que as duas são mais independentes do que se pensava anteriormente.
O texto de Ramírez mostra que, embora as orquídeas pareçam bem adaptadas às abelhas – tendo desenvolvido odores que as abelhas apreciam e mecanismos para depositar pólen no corpo dos insetos –, as abelhas são muito menos especializadas. Elas coletam aromas de mais de 700 espécies de plantas e polinizam várias delas. “As abelhas e plantas interagem, mas sabemos pouco sobre como essas redes de interação evoluem”, segundo Ramírez.
Maior conhecimento sobre as abelhas poderia ajudar cientistas a entender seu papel na polinização de orquídeas tropicais, muitas delas em perigo de extinção. As abelhas correm perigo, ameaçadas pelo desmatamento e degradação da terra nativa nas Américas do Sul e Central, e são pressionadas também por processos que dizimam o hábitat e fontes de alimento.
André Nemésio, pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia, que estuda essas criaturas esquivas, preocupa-se que esse aprendizado sobre as abelhas não será rápido o suficiente para salvá-las. “Abelhas de orquídeas são solitárias e tímidas; quase não são vistas na floresta”, observa ele. Além disso, como ninguém sabe exatamente a importância das abelhas para as plantas polinizadas por elas ou para seus predadores, as consequências de perdê-las são outro mistério.
Fonte: Scientific American Brasil
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