terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Insetos como Indicadores Ambientais

Os insetos compreendem cerca de 59% de todos os animais do planeta, são em torno de 751.000 espécies formalmente descritas. Mesmo assim, têm sido pouco usados como "bandeira" na conservação de áreas naturais. As aves e os mamíferos ainda são os grupos mais apreciados por conservacionistas, de um modo geral. A utilidade dos insetos como indicadores ambientais, no entanto, é incontestável, e a literatura recente está recheada de trabalhos confirmando esse fato.

Alguns grupos de insetos, dentre os quais borboletas e formigas, são especialmente úteis no monitoramento ambiental. Isso acontece por serem muito diversificados, facilmente a alterações ambientais. Também são especialistas em recursos específicos, possuindo fidelidade de micro-hábitat e permitindo ações rápidas, como reação à degradação do hábitat. Assim, insetos podem fornecer mais informações do que vertebrados, de um modo geral, sendo muito úteis na definição de áreas pequenas e habitats fragmentados ou com longa história de influência antrópica. Nelas, muitos dos vertebrados maiores e mais sensíveis já foram eliminados por escassez de área de vida ou caça, ambientes que, nem por isso, deixam de ter valor para a conservação.


Lepidópteros

Borboletas compreendem representantes de 5 famílias de Lepidóptera diurnos (Papilionidae, Pieridae, Nymphalidae, Lycaenidae e Hesperiidae) que provavelmente formam um grupo natural dentro dos lepidópteros. Existem algumas espécies crepusculares, voando nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, mas a maioria é ativa no meio do dia. Mariposas grandes e melhores conhecidas são principalmente noturnas e são mais eficientemente observadas quando atraídas pela luz. A sistemática dos grupos citados é relativamente bem conhecida, com algumas exceções. Pelo fato de serem grandes, coloridas e de fácil visualização, os grupos têm sido considerados as melhores "bandeiras" para conservação e indicadores para monitoramento ambiental, inclusive por leigos e membros de populações tradicionais, com as necessárias reservas.


Formigas

As formigas são insetos sociais da família Formicidae. No Brasil são encontradas representantes de 8 subfamílias: Cerapachyinae, Dolichoderinae, Ecitoninae, Formicinae, Leptanilloidinae, Myrmicinae, Ponerinae e Pseudomyrmecinae. Muitas formigas apresentam hábitos oportunistas e dieta generalista e a maioria das espécies apresenta distribuições restritas. Formigas ocorrem em todos os ambientes terrestres, desde o Equador até latitudes de cerca de 50°, e desde o nível do mar até altitudes de cerca de 3 mil metros, e são importantes por manterem relações ecológicas com muitos organismos. Muitas espécies criam homópteros, outras predam artrópodes, outras dispersam sementes, alguns Attini criam fungos e, em geral, formigas são os primeiros animais invertebrados a visitar outros animais mortos no solo.

As formigas vêm sendo consideradas um dos principais componentes biológicos de ambientes estruturalmente complexos como as florestas. Muitas espécies ocorrem no solo, cuja biota é organizada, tanto estrutural quanto funcionalmente, em microcomunidades específicas. Essas comunidades podem ser modificadas tanto naturalmente quando pelas atividades humanas, sendo que o grau de mudança depende da natureza do impacto, sua intensidade e duração. O manejo inadequado dos solos agrícolas, por exemplo, faz com que a mesofauna, da qual as formigas fazem parte, desapareça por completo.




A diversidade local de formigas tem sido correlacionada com a complexidade da vegetação, clima, disponibilidade de recursos e interações interespecíficas. Por isso elas podem ser consideradas um dos melhores grupos de invertebrados para avaliação e monitoramento ambiental.


Contudo todos os insetos tem um papel fundamental na manutenção da vida na natureza, sem eles muitas espécies de animais e plantas provavelmente não existiriam. Além de mostrarem boa qualidade ambiental, ajudam no processo da cadeia alimentar. São pequenos mas importantes.

Fonte: Métodos de Estudos em Biologia da Conservação & Manejo da Vida Silvestre. Laury Cullen Jr.; Rudy Rudran; Cláudio Valladares-Padua. Editora UFPR.

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