quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Produção de soros antitoxinas

Produção de Soros Antitoxinas e Perspectivas de Modernização por Técnicas de Biologia Molecular


A utilização de soroterapia para o tratamento de acidentes por animais peçonhentos e venenosos (peçonhento é que possui algum artifício para inocular o veneno, já o venenoso simplesmente expele pela pele, mucosas ou glândulas) data das últimas décadas do século XIX e a produção de soros antitoxinas animais ainda é baseada nos métodos originalmente descritos por Vital Brazil que imunizou cavalos com os venenos de jararacas e mostrou que a utilização do soro desses animais podia neutralizar a ação dos venenos dessas serpentes. A soroterapia foi desde então introduzida como tratamento para acidentes ofídicos no Brasil, e o soro antiofídico passou a ser produzido, inicialmente pelo Instituto Soroterápico (atual Butantan).

A produção de soros antitoxinas animais é baseada em métodos originalmente descritos. Animais de grande porte são imunizados com venenos de uma ou mais espécies de animais peçonhentos de importância médica. O soro desses animais contem anticorpos com capacidade de neutralizar as toxinas dos venenos desses animais peçonhentos.

Antígenos utilizados na imunização para a obtenção de um soro eficiente

Para que um soro seja eficiente na neutralização dos efeitos  tóxicos de um veneno animal é necessário que ele contenha anticorpos dirigidos contra as principais toxinas responsáveis por sua ação sistêmica e local. Dessa forma, a escolha dos antígenos utilizados na imunização dos animais é um fatos primordial para a obtenção dos produtos ativos. A composição dos venenos animais é bastante variável. Assim, vários soros devem ser produzidos, com a finalidade específica de utilização em um certo tipo de acidente. De modo geral, os principais grupos de animais peçonhentos com importância médica causam manifestações clínicas de envenenamento distintas, com exceção das serpentes do gênero Bothrops (jararacas) e Lachesis (surucucu), e escorpiões e aranhas do gênero Phoneutria (armadeira).

Um outro aspecto a ser considerado na escolha dos antígenos de imunização é a variabilidade que existe nos venenos de animais mesmo dentro dos grupos citados. Dessa forma, os venenos podem variar entre as espécies de um mesmo gênero, ou ainda, entre indivíduos de uma mesma espécie. Essa variabilidade intraespecífica está geralmente relacionada com a distribuição geográfica do animal, sua idade, ou a época do ano em que o animal foi capturado.

Os venenos utilizados na imunização são mais eficientes quando administrados na presença de adjuvantes. O adjuvante completo de Freund é o mais utilizados, pois além de ser muito eficiente na ampliação da resposta imune, permite a liberação lenta dos venenos, reduzindo sua atividade tóxica.

Processamento do soro

Vários tipos de animais, como cavalos, burros, ovelhas, cabras, cães, coelhos e até mesmo galinhas, onde os anticorpos são isolados da gema do ovo, já foram utilizados para a produção de soros antitoxinas. Entretanto o animal mais utilizados comercialmente é o cavalo dada a sua docilidade, facilidade de manuseio e o grande volume de sangue que pode ser retirado periodicamente, sem prejudicar o animal, o que barateia em muito o processo da produção do soro.

A maioria dos métodos empregados atualmente na purificação dos anticorpos para a produção de soros antitoxinas envolve técnicas não seletivas, que resultam apenas em enriquecimento da fração de imunoglobulinas. O ideal seria o isolamento das imunoglobulinas por métodos seletivos, que envolvem a ligação específica dessas moléculas a resinas acopladas com proteína A ou proteína G, que são proteínas bacterianas que interagem especificamente com moléculas de imunoglobulinas.

Imagem: Adaptado de - Animais Peçonhentos no Brasil, Clínica e Terapêutica dos acidentes, CARDOSO et al. 2009

Imagem: Adaptado de - Animais Peçonhentos no Brasil, Clínica e Terapêutica dos acidentes, CARDOSO et al. 2009


Purificação do soro

A purificação do soro é feita a partir do plasma hiperimune por precipitação com sulfato de amônio, fracionamento enzimático e termocoagulação.


Fonte: Livro Animais Peçonhentos no Brasil, Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. Autores: João Luiz Costa Cardoso, Francisco Oscar de Siqueira França, Fan Hui Wen, Ceila Maria Sant' Ana Malaque e Vidal Haddad Jr. Editora: Sarvier. 2009

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