sexta-feira, 14 de março de 2014

Cambuci: Árvore fora de risco de Extinção

A árvore se encontra em sério risco de extinção. Mas há esperança, pois dezenas de produtores familiares vêm tirando a fruta do esquecimento.


Pergunte a um paulista sobre o Cambuci. Se for da capital, dirá que é bairro. Se for do interior, é provável que se lembre da cachaça. Ambos estão certos. O nome deriva, de fato, dessa fruta nativa da Mata Atlântica, endêmica da Serra do Mar, outrora abundante no sul da região metropolitana de São Paulo. Não apenas brotava na floresta como também no pomar das casas, onde era cultivada para servir de aromatizante na cachaça.

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Por isso o cambuci hoje faz parte da Arca do Gosto, lista de alimentos ameaçados criada pela fundação Slow Food.

Agora, dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento, decididos a explorar o potencial dessa fruta profundamente aromática, doce na fragrância e ácida no paladar. Em todo o cinturão verde de São Paulo, surgiram sucos, sorvetes, geleias, licores e até cosméticos produzidos à base de cambuci - sem falar de receitas excêntricas, como a moqueca e o estrogonofe.

A vitrine disso tudo é a Rota Gastronômica do Cambuci, uma integração de festivais locais que acontece entre março e setembro, cada mês em uma cidade. Em 2013, houve a participação de quase 60 produtores, de sete municípios. A rota vai aumentar este ano. "Já distribuímos mais de 10 mil mudas", conta Gabriel Menezes, diretor da Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica (AHPCE), a entidade que organiza o evento.


Aves do Paraíso: Um show de Cores

Aves-do-paraíso são animais que pertencem a um grupo considerado por muitos como um dos mais exóticos do planeta entre os animais. Pertencentes à família Paradisaeidae, estas aves possuem 14 gêneros e cerca de 43 espécies registradas até hoje.

A característica mais marcante das aves-do-paraíso é a plumagem exuberante dos machos da maioria das espécies, utilizada como ornamento nos rituais de acasalamento. O grupo é típico da região da Australásiae está presente, principalmente, em áreas tropicais do Norte da Austrália, Nova Guiné, Indonésia e Ilhas Molucas.

De pequeno a médio porte, as aves-do-paraíso possuem grande dimorfismo sexual. As fêmeas têm plumagem monótona, em tons de cinzento e castanho, enquanto que os machos da maioria das espécies são muito coloridos, por vezes em tons contrastantes, com caudas longas e/ou penas que se destacam na cabeça e pescoço. Contudo, em algumas espécies, o macho não é ornamentado e é semelhante à fêmea. O bico é curto, forte e adaptado a uma alimentação onívora, baseada em frutos, folhas e alguns insetos.

Pteridophora alberti


Exemplar da espécie ave-do-paraíso (Pteridophora alberti) encontrado na Papua-Nova Guiné.

Cicinnurus respublica


Exemplar da espécie ave-do-paraíso de Wilson (Cicinnurus respublica)

Paradisaea rudolphi


Exemplar da espécie ave-azul-do-paraíso (Paradisaea rudolphi)

Parotia sefilata


Parotia do oeste (Parotia sefilata) endêmica da Indonésia.

King of saxony


Fonte: TopBiologia

Amazone Kennisfestival: Adriano Gambarini fala de suas expedições à Amazônia em evento na Holanda

O fotógrafo quer mostrar o lado desconhecido, fantástico e frágil da Floresta Amazônica durante o Amazone Kennisfestival, que acontecerá em 16 de março em Leiden.

 

A Amazôniaé uma região de riquezas superlativas. Além de abrigar a maior floresta tropical do mundo, reúne a maior biodiversidade do planeta e ocupa 59% do território brasileiro. Mas também é um lugar de muitos mistérios. Quantas espécies de árvores existem na floresta? Quantos animais e plantas vivem lá? Como as mudanças climáticas atingem a Amazônia? Como realizar uma expedição na região?

Para tentar responder a essas perguntas e revelar experiências de quem já esteve na floresta, no próximo dia 16 de março, será realizado o Amazone Kennisfestival, em Leiden, na Holanda. Entre os convidados está o fotógrafo brasileiro Adriano Gambarini, que já participou de mais de 15 expedições à Floresta Amazônicanos últimos 12 anos e falará com propriedade a respeito do bioma.


"Quero mostrar o lado desconhecido, fantástico e frágil da Amazônia", revela o assíduo colaborador da revista National Geographic Brasil. O fotógrafo participará de três encontros: duas palestras para o público e uma conversa com a imprensa. Os temas escolhidos por ele são comunidades, modos de vida, fauna rara, novas espécies de animais e plantas, desmatamento, queimadas e monocultura.

Gambarini conta que foram várias as expedições que marcaram sua trajetória: desde as que o submeteram a situações de muita insalubridade, desgaste físico e mental, até aquelas que tiveram retorno científico - e fotográfico, claro! - interessante. "Meu trabalho sempre vai além da fotografia de natureza. Minha proposta é produzir fotos não apenas esteticamente belas, mas que sejam em benefício de algo maior, que é a conservação", afirma.


O convite para participar do evento surgiu graças a um holandês que Gambarini conheceu em uma expedição fotográfica em 2013. "Acho que fui convidado pelo fato do meu trabalho não ser apenas fotográfico, e sim de envolvimento direto com o tema e com a região", diz.

Também estarão presentes no evento dois holandeses:

- o pesquisador de árvores Hans ter Steege, que comentará sobre os resultados de sua pesquisa na Amazônia e sobre conservação de espécies;

- o especialista em água doce Bart Geenen, que explicará porque certas áreas da floresta são essenciais para a preservação e porque as comunidades locais são contra as barragens.

No local, também o público poderá visitar a loja Amazon, que exibirá desenhos científicos de plantas e animais da Amazônia. A criançada também poderá se divertir em uma jornada pela selva - recriada dentro de um museu -, com degustação de produtos típicos da floresta e pintura facial.


O evento é realizado pelo Naturalis Biodiversity Centerem parceria com o WWF/Holanda.


quinta-feira, 13 de março de 2014

O Melhor Amigo do Homem

Semelhança de estruturas cerebrais pode explicar conexão entre humanos e cães. Humanos e cães têm regiões cerebrais sensíveis a voz muito semelhantes.

Você pode até fazer careta ao ver pessoas conversando com seus animais de estimação como se eles fossem humanos, ou ao assistir vídeos do YouTube de cães supostamente falando inglês com seus donos, dizendo palavras como “banana” e “I love you”. E com boas razões: ainda que cães tenham a capacidade de compreender mais de 100 palavras, estudos demonstraram que o Totó não consegue falar idiomas humanos ou compreendê-los com a mesma complexidade que nós fazemos.

Mas pesquisadores descobriram que cérebros caninos e humanos processam as vocalizações e emoções de outros de maneira mais semelhante do que se pensava anteriormente. As descobertas sugerem que apesar de cães não conseguirem discutir a teoria da relatividade conosco, eles de fato parecem funcionar de uma maneira que os ajuda a compreender o que estamos sentindo ao atentar para os sons que fazemos.


Para comparar cérebros ativos de humanos e cães, o pesquisador de pós-doutorado Attila Andics e sua equipe do Grupo de Pesquisa de Etologia Comparativa MTA-ELTE, na Hungria, treinou 11 cães para ficarem parados em um aparelho de ressonância magnética funcional durante vários intervalos de seis minutos para que pesquisadores pudessem conduzir o mesmo experimento tanto em participantes humanos quanto caninos.

Os dois grupos ouviram quase 200 sons produzidos por cães e por humanos – de lamentos e choros, a risadas e latidos alegres – enquanto a equipe observava sua atividade cerebral.

O estudo resultante, publicado em 20 de fevereiro na Current Biology, revela que cérebros caninos têm regiões sensíveis a voz, e também que essas áreas neurológicas se parecem com as humanas.

Localizadas em regiões semelhantes nas duas espécies, elas processam vozes e emoções de outros indivíduos de maneira parecida. Os dois grupos responderam com maior atividade neural quando ouviram vozes refletindo emoções positivas, como risadas;no caso de sons negativos, incluindo choro ou lamento, a atividade neural foi menor.


Mas os dois grupos respondem de maneira mais intensa a sons produzidos por sua própria espécie. “Cães e humanos se encontram em um ambiente social muito parecido, mas antes nós não sabíamos o quanto os mecanismos cerebrais eram semelhantes para processar essas informações sociais”, declara Andics.

Essas semelhanças marcantes ajudam a esclarecer a linha do tempo e os estágios da história evolutiva dos mamíferos.

Até agora, pesquisadores tinham identificado regiões cerebrais sensíveis a voz apenas em humanos e em macacos – nosso último ancestral comum com essa espécie viveu há 30 milhões de anos. O último ancestral comum de humanos e cães – um mamífero carnívoro com o cérebro do tamanho de um ovo – existiu há cerca de 100 milhões de anos.

A descoberta canina, portanto, sugere que as regiões cerebrais sensíveis a voz das duas espécies evoluíram por volta dessa época, ou ainda antes. Outros mamíferos do mesmo ramo evolutivo dos cães e seres humanos que também descendem desse último ancestral mútuo, provavelmente também compartilham essas mesmas regiões cerebrais.

Mas donos de cães podem estar mais interessados no que esse estudo diz sobre nosso relacionamento especial com esses animais.


Humanos domesticaram cães entre 18 e 32 mil anos atrás, e desde então eles se tornam os melhores amigos da humanidade, parceiros de caçada, guardas, e até acessórios. Andics acredita que a sensibilidade cerebral a vozes e emoções pode ser parte de nossa conexão única. “Essa semelhança ajuda a explicar o que torna a comunicação verbal entre cães e humanos tão bem-sucedida”, observa ele. “É por isso que cães conseguem se conectar aos sentimentos de seus donos tão bem”.

Parece que pessoas que conversam com seus poodles ou golden retrievers não são tão bobas, afinal.


Boto-cor-de-rosa: Um risco de Extinção

A principal ameaça é a pesca da piracatinga, que utiliza golfinhos como isca.

Sannie Brum, pesquisadora do Instituto Piagaçu (Ipi), recebeu apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza para se juntar a 35 comunidades pesqueiras do Amazonase estudar a pesca da piracatinga, peixe muito apreciado na Colômbia, mas desvalorizado no Brasil por se alimentar de animais em decomposição. A atividade utiliza golfinhos como isca, sendo o boto-vermelho, também conhecido como boto-cor-de-rosa, a principal vítima da prática.


A mortalidade do boto está bem acima de qualquer limite seguro para sua conservaçãona região. Teoricamente, se até 16 espécimes morrem anualmente, sua preservação está garantida. Com a pesca da piracatinga, são mortos de 67 a 144 botos-vermelhos.

Por conta da exportação para a Colômbia, a atividade pesqueira em torno da piracatinga é importante fonte de recurso para a população local. E, apesar do baixo valor comercial, a produtividade é alta - na área de pesquisa, o volume é de, no mínimo, 15 toneladas por ano. Mas, segundo Sannie, se nada for feito, o boto-vermelho vai acabar como o golfinho de água doce chinês, que foi declarado extinto em 2007.

A reprodução lenta do boto contribuiu para sua vulnerabilidade. Após dez meses de gestação, as fêmeas cuidam de seus filhotes por quatro anos. Fiscalização e programas de educação ambiental são alternativas apontadas pelo grupo de pesquisa para evitar a extinção da espécie.


A pesca é a principal ameaça à vida do boto-vermelho, mas não é a única. A degradação do seu habitat – causada pelo grande fluxo de embarcações no Pará, exploração e transporte de óleo e gás em Manaus, assim como pelo turismo desordenado, implantação de novas usinas hidrelétricas e atividades de garimpo e mineração – colocam a espécie em risco.


O Tráfico Ilegal de Pangolins

Um recém-chegado inesperado juntou-se espécies mais emblemáticas do mundo - o elefante, rinoceronte, e o tigre - sob os holofotes da crise internacional tráfico de animais selvagens: Conheça o pangolim.

Pangolins são inconfundíveis na aparência - eles são cobertos com as escalas formadas por queratina, e de fato, acariciando um pangolim parece acariciar uma camada de miniaturas quentes. Existem oito espécies de pangolim, com quatro na África e quatro na Ásia. Eles vão desde o tamanho de um gato doméstico com um cachorro de tamanho médio. As espécies arbóreas menores usam cauda preênsil para ajudar com a navegação habitats florestais, enquanto pangolins terrestres maiores , por vezes, pode andar ereto.


As escalas de notáveis ​​do pangolim proporcionam uma excelente defesa contra predadores naturais. Quando pangolins se sentem ameaçados, eles rolam em uma bola apertada, o que é quase impenetrável, até mesmo para os leões e hienas. Pangolins também foram conhecidos para implantar sua "rolypolyness", a fim de fazer uso de águas rasas.

Pangolins são alimentadores altamente especializados. Não só pangolins jantam exclusivamente em formigas e cupins , alguns pesquisadores acreditam que esta dieta é ainda mais preciso e limitado a espécies de formigas e cupins locais. A língua é especialmente adequado para a extração desses insetos específicos de túneis profundos , que está ligado perto da pelve, e quando totalmente estendida, a língua é mais long do que o corpo do pangolim.

Infelizmente, pangolins são o mamífero mais freqüentemente encontrados no comércio ilegal de animais silvestres da Ásia. Não é incomum para a polícia e as autoridades aduaneiras para apreender centenas, ou mesmo milhares, de pangolins em um único incidente. O principal destino para das escalas dos Pangolin é a carne é a para a China continental; partes do pangolim são consumidos no Vietnã também. A carne e os fetos são consumidos como iguarias.

Literalmente toneladas de pangolins são retirados das florestas tropicais do sudeste asiático a cada ano, com as espécies mais atingidas sendo o Sunda pangolim. Dr. Chris Shepherd, diretor da TRAFFIC Southeast Asia Regional, explica que existe "dezenas de milhares de caçadores de Pangolin" estão em trabalho todos os dias.

Na verdade, os caçadores de Pangolins e comerciantes dizem que os pangolins desapareceram inteiramente de algumas áreas da Ásia, o que levou ao aumento do comércio de pangolins africanos. Este é um padrão familiar. Após o esgotamento das espécies de rinocerontes asiáticos, os traficantes de animais selvagens se virou para os rinocerontes africanos. E, a fim de preencher a lacuna no mercado do ilegal deixado pelo desaparecimento dos tigres da Ásia, alguns proprietários de fazendas de leões da África do Sul são legalmente liberados a venda de esqueletos de leão aos traficantes da vida selvagem.

O Dia Mundial do Pagolim de 2014 foi celebrada offline também. BCARE (Conscientização Conservação da Biodiversidade Pesquisa e Educação) da Fundação na Índia relata que os alunos da Escola Secundária de CSI Superior em Tamil Nadu formou uma rangoli humano , criando as palavras " Dia Mundial do Pangolin ".





Você pode ajudar a fazer a diferença para pangolins, compartilhando informações com seus amigos e colegas , e por organizações que trabalham para proteger pangolins  de apoio.



segunda-feira, 10 de março de 2014

Diferença...


Máquina Salvadora de Árvores?

Australianos criam máquina que vai salvar milhões de árvores. E o mundo todo ficou com vergonha de não ter pensado nisso antes.


É difícil não ficar apaixonado pelo engenho que a empresa australiana Vicroads criou para transportar árvores que, por algum motivo, precisam sair de um ponto para outro. Neste caso, as obras entre duas estradas em Berwick, nos arredores de Melbourne, obrigava à recolocação de algumas árvores. De forma rápida e eficaz, e sem agredir o ambiente, a Vicroads tratou do assunto.

O trabalho consiste em levar o caminhão, com um equipamento especial, para junto da árvore, cavar em volta e levá-la sem danificar as raízes. Depois o caminhão se desloca para o novo lugar e faz a cova onde ela será plantada.


O trabalho foi feito como parte das obras pra atualização da estrada entre Clyde High Street e Kangan Drive, na Austrália. Essa máquina poderia ser capaz de evitar o corte de diversas árvores, que muitas vezes acabam sendo derrubadas para realização de obras pela impossibilidade de serem transportadas.




Cogumelos Brilhantes

O fenômeno da bioluminescência é uma reação química gerada por uma enzima que funciona como mecanismo de sobrevivência para diversos organismos no mundo todo. Entre estes organismos estão alguns cogumelos, que emitem uma luz brilhante com tom esverdeado. Segundo alguns pesquisadores, ela seria responsável por atrair insetos que dispersam os esporos das frutificações de alguns fungos.



Atualmente, a maior incidência de cogumelos luminosos acontece no Japão. Na Ilha Mesameyama, em Ugui, pequenos pontos de luz cobrem troncos de árvore e o solo úmido em toda a região.


Uma reportagem da BBC Brasil revelou que existem 71 espécies de fungos que emitem luz, e 12 delas estão presentes no Brasil. Apesar de tudo, a ciência ainda não desvendou o processo químico que permite que o fungo produza luz.

Neonothopanus gardneri é o maior fungo bioluminescente do Brasil e um dos maiores do mundo.

Fonte: TopBiologia

Mudanças Climáticas: Extinção dos Anfíbios da Mata Atlântica

Até 12% das espécies de anfíbios, localizados principalmente nas porções norte e sudoeste do bioma, deverão desaparecer do planeta  e 88% terão retração da população.

O número de espécies e o tamanho das populações de anfíbios da Mata Atlânticadevem diminuir sensivelmente em razão das mudanças climáticas previstas para ocorrer no bioma nas próximas décadas.

As estimativas são de um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Biogeografia da Conservação da Universidade Federal de Goiás (UFG), publicado na edição de fevereiro da revista Biodiversity and Conservation.

Alguns dos resultados da pesquisa foram apresentados durante o “Workshop Dimensions US-BIOTA São Paulo – A multidisciplinary framework for biodiversity prediction in the Brazilian Atlantic forest hotspot”, realizado na segunda-feira (10/02), na FAPESP, no âmbito do projeto de pesquisa “Dimensions US-BIOTA São Paulo: integrando disciplinas para a predição da biodiversidade da Floresta Atlântica no Brasil".

O projeto reúne cientistas do Brasil, dos Estados Unidos e da Austrália e é realizado no âmbito de um acordo de cooperação científica entre o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP) e o programa Dimensions of Biodiversity, da agência federal norte-americana de fomento à pesquisa National Science Foundation (NSF).

“As projeções que realizamos indicam que, em razão das mudanças nas condições climáticas que devem ocorrer na Mata Atlântica nas próximas décadas, a maioria das unidades de conservação do bioma perderá e poucas ganharão espécies de anfíbios”, disse Rafael Loyola, coordenador do Laboratório de Biogeografia da Conservação da UFG e um dos autores do estudo.

“Aparentemente, esse padrão também deverá prevalecer para outros organismos, como mamíferos, aves, mariposas e plantas”, apontou o pesquisador durante a palestra proferida no evento.

De acordo com Loyola, há 431 espécies de anfíbios na Mata Atlântica – bioma que detém 18% de todas as espécies desses animais na América do Sul. Por meio de seis diferentes modelos de distribuição, pelos quais se associa a presença de uma determinada espécie a um conjunto de variáveis ambientais, tais como a média anual de temperatura e de precipitação, os pesquisadores estimaram como essas 431 espécies de anfíbios estão distribuídas hoje pelas unidades de conservação na Mata Atlântica.

Com base em quatro simulações climáticas distintas para a América do Sul até 2050, utilizadas no 4º Relatório de Avaliação (AR4) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os pesquisadores estimaram em quais áreas de proteção da Mata Atlântica essas espécies de anfíbios estarão localizadas, levando em conta o tamanho, a forma e a posição geográfica das reservas florestais e as habilidades de dispersão dos animais em raios de 50, 100 e 200 quilômetros ao longo de 30 anos.

As projeções indicaram que os locais climaticamente adequados para a sobrevivência de anfíbios na Mata Atlântica deverão diminuir até 2050. Por essa razão, até 12% das espécies de anfíbios, localizados principalmente nas porções norte e sudoeste do bioma, deverão entrar em extinção e 88% terão retração da população.

“Isso quer dizer que esses 12% de espécies de anfíbios sofrerão uma contração na população de tal ordem que desaparecerão do bioma”, disse Loyola. “Não são espécies que sairão da Mata Atlântica em direção ao Cerrado ou à Caatinga. Elas realmente podem desaparecer”, ressaltou.

Mudanças na estrutura filogenética

Em um outro estudo, publicado na edição de janeiro da revista Ecography, os pesquisadores avaliaram se as mudanças climáticas também podem alterar a relação evolutiva entre espécies de anfíbios que ocorrem em unidades de conservação da Mata Atlântica, a fim de verificar se esses animais responderiam a essas alterações como clados (grupos que partilham um ancestral comum exclusivo) ou como espécies isoladas.

Os resultados dos modelos indicaram que grupos mais antigos (basais) de espécies de anfíbios, como as cecílias ou cobras-cegas, do grupo Gymnophiona, e o sapo-aru, da família Pipidae, poderão ser afetados positivamente pelas mudanças climáticase deverão ampliar suas distribuições geográficas pela Mata Atlântica.

Por outro lado, grupos mais recentes (derivados) de anfíbios, como as pererecas de vidro, da família Centrolenidae, e outras espécies de pererecas, deverão ser severamente impactados e sua distribuição geográfica pelo bioma poderá ser reduzida em até 90%.

“Em algumas áreas de proteção da Mata Atlântica a diversidade filogenética dos anfíbios poderá aumentar em razão da extinção de espécies muito recentes, o que fará com que espécies basais aumentem sua distribuição pelo bioma”, detalhou Loyola.

“Nesse caso, a diversidade filogenética aumentará por uma razão errada: a perda de espécies muito recentes”, apontou. Uma das espécies de anfíbio que deverá beneficiar-se das mudanças climáticas, de acordo com Loyola, é a rã-touro americana (Lithobates catesbeianus). Introduzida na América do Sul desde 1930, a espécie é considerada invasora no Brasil.

“Boa parte das unidades de conservação da Mata Atlântica vai tornar-se climaticamente mais adequada para essa espécie de anfíbio”, disse Loyola. “Precisamos estudar como será possível evitar ou controlar a invasão dessa espécie, para evitar desequilíbrios ecológicos no bioma”, avaliou.

Contribuição das projeções

Segundo Loyola, as projeções de mudanças na distribuição geográfica de espécies animais podem auxiliar no planejamento e na implementação de medidas de conservação do bioma.

Ao estimar para onde determinadas espécies de animais devem migrar por causa das mudanças climáticas, é possível traçar corredores de dispersão, compostos por áreas conectadas capazes de servir de refúgio para esses animais, exemplificou.

Além disso, as projeções também auxiliam na identificação de áreas no bioma onde podem ser estabelecidas novas unidades de conservação, de modo a diminuir os efeitos das mudanças climáticas sobre o número e a composição das espécies.

“Os modelos permitem gerar soluções de conservação que consideram quais são os locais mais adequados para serem protegidos na Mata Atlântica levando em conta que o clima vai mudar e que as espécies respondem de uma maneira previsível a essas mudanças climáticas”, afirmou.

 
Perereca-macaco (Phyllomedusa burmeisteri),
anfíbio encontrado na Mata Atlântica
No estudo publicado na Biodiversity and Conservationos pesquisadores identificaram que as poucas reservas da Mata Atlântica que ganharão espécies nas próximas décadas estão situadas em montanhas, com capacidade de manter um clima adequado para os anfíbios.

Com base nessa constatação, eles sugerem que as novas unidades de conservação sejam estabelecidas em regiões de grande altitude do bioma e sejam criados corredores de dispersão para esses locais. Com isso, esperam atenuar os efeitos das mudanças climáticas sobre os anfíbios, mais suscetíveis às alterações no clima por sua dependência de microambientes, regimes hidrológicos e capacidade limitada de dispersão.

“É possível contornar perfeitamente esse quadro alarmante, caso as soluções que os cientistas vêm oferecendo sejam discutidas e implementadas por tomadores de decisão e legisladores; isso é uma ótima notícia para a comunidade em geral”, afirmou Loyola.

O artigo Climate change threatens protected areas of the Atlantic Forest, de Loyola e outros, pode ser lido na Biodiversity and Conservation

O artigo Clade-specific consequences of climate change to amphibians in Atlantic Forest protected areas, também de Loyola e outros, pode ser lido na Ecography


sexta-feira, 7 de março de 2014

Muriqui: O Maior Primata das Américas

Encontrado somente na Mata Atlântica, o muriqui é o maior primata das Américas. Eles não  são agressivos e demonstrações de afeto são comuns entre indivíduos de qualquer sexo ou idade. Uma das características marcantes desses macacos são os demorados abraços grupais. Os adultos sempre cuidam dos mais jovens e fazem pontes com o próprio corpo para facilitar a passagem de filhotes de uma árvore para outra. Por conta de toda essa passividade, os muriquis são chamados pelos índios de “povo manso da floresta“.
 
O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é considerado espécie criticamente ameaçada de extinção segundo a lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) – Foto: Anderson Ferreira/Sua Foto
Gente que bamboleia, que vai e vem. Esse é o significado do nome muriqui em tupi-guarani. O primata possui braços longos e uma cauda preênsil – capaz de segurar galhos como se fosse um quinto membro – que conferem muita agilidade ao macaco enquanto se movimenta em sua jornada em busca de alimento (frutos, flores e folhas). Ele atua como dispersor de sementes de diferentes espécies de plantas e é essencial para manter a diversidade da floresta.

  
Os adultos sempre ajudam os filhotes -
Foto: Ricardo Martins
Cerca de 400 mil mono-carvoeiros, como também são conhecidos, habitavam a Mata Atlântica em 1500. Mas foram dizimados pela caça e pela destruição da floresta.  Estima-se que a população atual seja de menos de 3 mil animais, divididos em duas espécies diferentes o muriqui-do-norte(Brachyteles hypoxanthus) que ocorre nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia, e o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) que é encontrado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e parte do Paraná.

Com o objetivo de apresentar o maior primata das Américas à população, tirar a espécie da lista vermelha de animais ameaçados de extinção e reintroduzir o macaco em florestas preservadas do Brasil, a ONG Instituto Ecoatlântico – com o apoio da Conservation International, do governo do Estado do Rio de Janeiro e de artistas como Gil Berto Gil e Chico Buarque – criou a campanha muriqui mascote Rio 2016.

O muriqui atuaria como espécie bandeira (espécie símbolo da uma causa ambiental). A idéia é chamar a atenção para as duas espécies de primatas e conseguir mais apoio para preservar o habitat em que vivem. Com isso, outras espécies da Mata Atlântica seriam beneficiadas.

A mascote será escolhida entre as propostas de 15 agências convidadas pela organização dos Jogos Olímpicos e o resultado deve ser anunciado em agosto. Não existe uma candidatura oficial e o tema é livre. Mas os apoiadores do primata seguem otimistas. A definição do tatu-bola como mascote da Copa do Mundo é um sinal de que a questão ambiental pode ser determinante para a escolha da mascote das Olimpíadas.



Agora veja o vídeo da Campanha para as Olimpíadas